Num dia qualquer, entre o final de Março e o inicio de Abril, as cerejeiras começam a florir no Japão. Antes de sair do Brasil, durante os preparativos para a viagem, eu havia prometido a Claudia, fotografá-la junto as cerejeiras quando chegássemos ao Japão. Em NY, na loja da B&H, uma super loja famosa para aqueles fotógrafos que procuram bons equipamentos, reafirmei a promessa no dia que comprei minha Nikon. Na realidade, eu ignorava a dimensão real da minha minha promessa, que foi cumprida graças a um capricho da natureza que conspirou a meu favor. No entanto, até hoje, desconheço a significância de minha promessa para minha querida amiga, que me olhava enigmática sempre que eu tocava no assunto.
O fenômeno do florescer das cerejeiras acontece ao longo do território Japonês, numa seqüência que inicia na parte meridional da ilha, seguindo para o norte.
A florada tinha iniciado na véspera de nossa chegada. Era como que a natureza me desse boas vindas ao Japão dizendo: “Thompson, cumpra a promessa com sua amiga que você quer tanto bem!”
As cerejeiras floridas dá-se o nome de sakurá. O período da Sakurá é de extrema beleza e mobilização da população que espera ansiosa pela florada. Esse espetáculo da natureza dura cerca de sete dias. Por isso essas flores representam a transição e o efêmero, segundo os japoneses. A explosão de cores, por um breve período antes de murchar e morrer, representa a vida dos samurais. Para esses, a maior honraria seria ser enterrado num campo coberto por pétalas de cerejeira.
Estima-se que, no Japão, existam perto de duzentas espécies de cerejeiras, cujas flores vão do vermelho ao branco, passando pelo rosa e pêssego. Somente a madeira e as flores são aproveitadas numa árvore de cerejeira que não dão frutos. Vou pesquisar a resposta da óbvia pergunta: “…e as cerejas?”. O chá de pétalas de sakurá é utilizado em rituais como casamentos e ocasiões festivas. Na época de seu florescimento, são realizadas as festas chamadas de “hanami” (ver as flores), ao ar livre, debaixo das cerejeiras em flor.
Eu estava num subúrbio de Tóquio, no inicio de Abril de 2009, com Claudia. Do banco do carona no automóvel do meu amigo japonês, Mister Oda, eu via aquela cena deslumbrante. Uma alamedas de altas cerejeiras floridas, que formavam um túnel de arvores. As pétalas que iam caindo, escondiam o asfalto sob um formoso tapete branco. O automóvel se deslocava por aquela rua, enquanto que infinitas e lindas petalazinhas brancas caiam como neve, de forma extremamente delicada e singela. Foi um lindo presente que a natureza deu para mim e para Claudia que, do banco de traz, compartilhava a bela cena.
Juntamente com o espetáculo das flores, a mobilização popular em torno dessa época merece um destaque a parte. A população local, não só turistas, refiro-me ao cidadão comum, sai as ruas do seu bairro para captar, com sua câmera, o melhor ângulo e cada detalhe. As pessoas esperam pelo momento exato do inicio da florada , varando madrugadas, se for preciso, debaixo das árvores mobilizadas que estão pelo noticiário da TV e dos jornais.
No Japão, a sakurá marca o fim do ano ano financeiro e é um momento de olhar para trás e para frente, de afogar as mágoas ou celebrar um ano de sucesso.
Em 1912, o governo japonês presenteou o povo americano com mais de três mil mudas de cerejeiras plantadas na região onde estão os grandes monumentos e museus da cidade de Washington, D.C. Com o passar dos anos, essas arvores se espalharam por todo os Estados Unidos.
A variedade “okinawa sakurá”, (cerejeira de Okinawa, ilha que tem as características climáticas semelhante ao Brasil), é uma das poucas que conseguiram se desenvolver no Brasil. Veja mais sobre as cerejeiras no Brasil em http://www.youtube.com/watch?v=8CRa0SJD6ZM
Os pilotos kamikazes pintavam sakurás em seus aviões levavam seus ramos nos cockpits, porque eram motivados acreditar que quando morressem em suas missões suicidas, reencarnariam nas flores de cerejeiras.
Os oficiais japoneses plantaram cerejeiras nas cidades conquistadas durante a segunda segunda guerra. Nesses casos, terminada a guerra, as cerejeiras deixaram lembranças ruins foi o caso da Coréia invadida pelo Japão, na segunda guerra.
O Fantastico da Globo fez em Abril de 2010 uma reportagem com Regina Casé que resume todo meu texto transmitindo todo o espirito da Sakura. Veja no link da Globo (1), após uma curta propaganda:
E eu que nunca imaginei fosse escrever sobre as Flores das cerejeiras…
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(1)este link me foi encaminhado por Tânia, uma querida amiga, da Ilha do Governador, Rio, RJ!
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Procuro pelas fotos, leia em http://www.rthompson.com.br/procurar